Conto um, conto dois...quantos cantos têm a mim! Conto muitos como muitos e tantas vezes e, tantas contas que nem tenho mais conta de quantos contos ainda sou! Cantamos o que damos conta, o que vemos e o que ouvimos, o que nos dizem e o que nos mostram e adiante nós seguimos como conhecedores de nós mesmos. Pedaços é o que somos e, como pedaços, precisamos ser juntados, mas o inteiro que podemos ser jamais será descoberto, difícil ser arrebanhado.

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segunda-feira, 13 de maio de 2019

Desexistência

Walner Mamede
(Maio/2019)

Quanto em mim ainda resta do que sou?
Ou, ao menos, do pouco que penso ser?
Penso?! Sim! Ainda penso e, mais, penso ser aí!
Se pensar é existir, então, existo, mas desisto,
Cansado, desisto da existência, cansei de estar aqui.
Mas morrer não é o que penso, eu quero desexistir
Ser apagado como se nunca houvera lugar ocupado
Onde quer que seja. Esquecer e ser esquecido,
Desaparecer sem um mísero qualquer vestígio.
Essa é a sina de quem pensa, pois existir é amargar.
Vamos, então, nos deitar e, nesse leito de pedra,
Negar a existência em abraços por horas sem fim,
Até que o Sol nos aqueça e acorde da mentira,
Nos atirando de volta ao mundo que me prende.
Prisão que me aprisiona, mais que em ti, em mim.