Conto um, conto dois...quantos cantos têm a mim! Conto muitos como muitos e tantas vezes e, tantas contas que nem tenho mais conta de quantos contos ainda sou! Cantamos o que damos conta, o que vemos e o que ouvimos, o que nos dizem e o que nos mostram e adiante nós seguimos como conhecedores de nós mesmos. Pedaços é o que somos e, como pedaços, precisamos ser juntados, mas o inteiro que podemos ser jamais será descoberto, difícil ser arrebanhado.

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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A partida*



O trem partiu, levando com ele a bagagem que me vi incapaz de resgatar,
Fiquei ali parado, vazio de pensamentos e grávido de sentimentos de difícil explicação.
Enganei-me de estação, mas agora é tarde, me servirão de cobertor e travesseiro
Apenas as lembranças e a saudade até mesmo do que nunca aconteceu.
Como um sonho, vejo a fumaça de um lamento distante em forma de apito.
O trem partiu e o pedaço de mim que não o acompanhou permanece na estação,
Na certeza de que tudo acabou, mas à espera do próximo que virá.

*In memoriam de meu pai, velho teimoso e adorado. Pai herói, pai bandido, pai humano, mais herói que bandido, menos bandido que humano, mais pai que engano, que teimou contra os desafios, que teimou no certo e no errado, teimando em vencer a vida de peito aberto e queixo levantado e teimará em permanecer vivo na lembrança de seu legado. Por isso, in memoriam de meu pai.