Conto um, conto dois...quantos cantos têm a mim! Conto muitos como muitos e tantas vezes e, tantas contas que nem tenho mais conta de quantos contos ainda sou! Cantamos o que damos conta, o que vemos e o que ouvimos, o que nos dizem e o que nos mostram e adiante nós seguimos como conhecedores de nós mesmos. Pedaços é o que somos e, como pedaços, precisamos ser juntados, mas o inteiro que podemos ser jamais será descoberto, difícil ser arrebanhado.

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sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Alcova dos eleitos




(Walner Mamede – dez 12/17)



Quem levanta da cama esperando morrer?

Se arruma, se prepara e espera o fim?

Ela chega de surpresa, na cidade sem proteção

Interrompe o caminho, uma faca, um revólver

E a cada nova morte, que em noticia chega a mim

Morro um pouco eu, morre um tanto meu coração



Quem se importa que não te conhece?

Que porta se abre quando isso acontece?

Na torre de marfim ficam eles discutindo

Assuntos segundos e o mundo caindo

À sua volta, sem que acordem pro fato

Que, mais que potência, importa o ato



E assim segue a vida a passos rasos e lentos

E mesmo os que vivem a verdade do mundo

Acreditam na estória de que não há desalentos

Maiores que aqueles defendidos por quantos

Em nome de poucos, com planos segundos

Que deixam à margem problemas de tantos



Sinto por você, muitos outros e por mim

Reféns da retórica, falácia torta e sem fim

Que pra convencer, à revelia da verdade,

Inventa, distorce, esconde por pura vaidade

E não mede esforços no caminho escolhido

Que torna seu dono tolo um ídolo aplaudido



(em homenagem a Arlon Fernando da Silva, doutorando da UnB, morto aos 29 anos, a facadas em um assalto, em 07/12/2017)