Conto um, conto dois...quantos cantos têm a mim! Conto muitos como muitos e tantas vezes e, tantas contas que nem tenho mais conta de quantos contos ainda sou! Cantamos o que damos conta, o que vemos e o que ouvimos, o que nos dizem e o que nos mostram e adiante nós seguimos como conhecedores de nós mesmos. Pedaços é o que somos e, como pedaços, precisamos ser juntados, mas o inteiro que podemos ser jamais será descoberto, difícil ser arrebanhado.

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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Vazio

Um canto criado em fev/2014

A corda se partiu, enorme, o vazio sobre mim se agita.
Estou caindo? O chão que me segurava, onde está?
Oh grande abismo, me engoliste e agora me vomitas
O que será de mim sem teus olhos a me olhar?!

O ar escorrega em meus pulmões e vejo o horizonte merejar
E me afogo em egoísmo tolo ao querer-te dócil sob meus pés,
Esses pés que, agora suspensos, não mais hão de te pisar.
Oh grande vazio que me acolhe, quão vasto e escuro tu és?!

Resta-me nada do que outrora tive e não mais me espera,
A dúvida consome a chama da coragem que me abandona,
Levanto minha face e digo das flores em nossa primavera,
Oh covardia que me domina, és tu minha verdadeira dona?

Uma palavra para cada mil silêncios é o que se escuta,
Mil tormentas para cada simples lembrança do que passou
Na distância negada que, tão pequena antes, cresce abrupta.
Oh amor abandonado, podes perdoar aquele que um dia amou?


Vazio II

Um canto criado em fev/2014

A corda se partiu e no vazio se agita
Estou caindo? O chão, onde está?
O abismo me engoliu e agora me vomita
O que será de mim sem você a me olhar?

Nada do que já tive mais me espera
A chama da coragem abandono
Murcharam as flores na primavera
As folhas caem, é nosso outono

O ar escorrega e afunda o horizonte
No egoísmo do meu próprio desejo
O vazio que me acolhe e me esconde
É a fonte maldita de todo meu medo

Uma palavra para cada mil silêncios
É nosso inverno de lembranças
Aos meus pés, agora, suspensos
Na covardia que guia essa dança