Conto um, conto dois...quantos cantos têm a mim! Conto muitos como muitos e tantas vezes e, tantas contas que nem tenho mais conta de quantos contos ainda sou! Cantamos o que damos conta, o que vemos e o que ouvimos, o que nos dizem e o que nos mostram e adiante nós seguimos como conhecedores de nós mesmos. Pedaços é o que somos e, como pedaços, precisamos ser juntados, mas o inteiro que podemos ser jamais será descoberto, difícil ser arrebanhado.

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sábado, 22 de maio de 2010

Amordaçado


Um canto criado em  10/ago/2005
Amordaçado
(Walner Mamede Júnior)

Quero gritar contra o mundo.
Preciso gritar, alto, forte,
Arrancar de mim esta angústia
Da mediocridade intransponível
Da insignificância esmagadora.
(Onde está minha voz?!
 Quem me ouve?!)

Grito e meu grito se deforma.
Na garganta se faz grito,
Mas, na boca, um gemido
Mistura-se, escapulido,
A outros à minha volta.
(Por que estão gemendo?!
Por que não gritam?!)

Um lamento surdo, nada mais,
É o que se ouve em cada boca,
Cada olho, cada sorriso,
Cada qual no seu tamanho,
Na sua cor e no seu canto.
Canto do mundo, canto da vida,
Canto do sonho, canto da dor.
(Canto mudo?!
Que canção é essa?!)

Quero gritar,
Abro a boca, estufo o peito e...
...o mundo me entra goela abaixo!
Meu deus! Estou sufocando!
Água! Quero água!
Engasgado, em desespero
Cambaleio pela multidão
E ouço uma voz, fria e amável:
            “Por favor, pressione a desejada opção”.

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