Tormento
Das profundezas é a serpente
Que em minha mão eu vejo,
Sem perceber que é tão somente,
De minha loucura, um lampejo.
Sofrendo o peso desse destino,
Que me definha e me derreia,
O sangue seca em minha veia
E me agarro ao desatino.
Cospem já, os olhos, rubras gotas
Solidários ao meu tormento,
Quando escapam palavras poucas
Que tão roucas se vão ao vento.
Trajando, a angústia, negro manto,
Do corpo meu me suga a vida,
Buscando fundo a dor sentida
Pel’alma triste em desencanto.
Separam-se, enfim, meus corpos
E, no colo, encontro a chave
Que, embora, porta não destrave,
Abre passagem para os mortos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário