Conto um, conto dois...quantos cantos têm a mim! Conto muitos como muitos e tantas vezes e, tantas contas que nem tenho mais conta de quantos contos ainda sou! Cantamos o que damos conta, o que vemos e o que ouvimos, o que nos dizem e o que nos mostram e adiante nós seguimos como conhecedores de nós mesmos. Pedaços é o que somos e, como pedaços, precisamos ser juntados, mas o inteiro que podemos ser jamais será descoberto, difícil ser arrebanhado.

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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Tormento




Tormento
(Walner Mamede Jr.)

Das profundezas é a serpente
Que em minha mão eu vejo,
Sem perceber que é tão somente,
De minha loucura, um lampejo.

Sofrendo o peso desse destino,
Que me definha e me derreia,
O sangue seca em minha veia
E me agarro ao desatino.

Cospem já, os olhos, rubras gotas
Solidários ao meu tormento,
Quando escapam palavras poucas
Que tão roucas se vão ao vento.

Trajando, a angústia, negro manto,
Do corpo meu me suga a vida,
Buscando fundo a dor sentida
Pel’alma triste em desencanto.

Separam-se, enfim, meus corpos
E, no colo, encontro a chave
Que, embora, porta não destrave,
Abre passagem para os mortos.

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