Conto um, conto dois...quantos cantos têm a mim! Conto muitos como muitos e tantas vezes e, tantas contas que nem tenho mais conta de quantos contos ainda sou! Cantamos o que damos conta, o que vemos e o que ouvimos, o que nos dizem e o que nos mostram e adiante nós seguimos como conhecedores de nós mesmos. Pedaços é o que somos e, como pedaços, precisamos ser juntados, mas o inteiro que podemos ser jamais será descoberto, difícil ser arrebanhado.

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domingo, 13 de fevereiro de 2011

Abandono


Um canto criado em 2003

Abandono
(Walner Mamede Jr)

Seria traquinagem do Sol
Com seus raios que me cegam?!
Quem o sabe?
Não vi abandono,
Não vi brilho.
Apenas um manto
De sombras tão sepulcrais
Quanto o abismo
De minha própria alma.
Resignadamente o recebo,
Com ele me cubro,
Adormeço em mim mesmo
E, penitente, me confesso:
Não fui capaz de partir.
Agora já o sabe,
Pois aqui me quedo
Para, com meu corpo,
Buscar ao seu
E se, no encontro,
A alma de seus olhos,
Num brilho,
Se abandonar aos meus,
Saberei de pronto,
Num instante tão fugaz
Quanto despido de engano,
Que encontrei o que procuro:
A luz de meus olhos,
Até então apagada
Pelo vazio do abandono.

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