(Walner Mamede – dez 12/17)
Quem levanta da cama esperando morrer?
Se arruma, se prepara e espera o fim?
Ela chega de surpresa, na cidade sem proteção
Interrompe o caminho, uma faca, um revólver
E a cada nova morte, que em noticia chega a mim
Morro um pouco eu, morre um tanto meu coração
Quem se importa que não te conhece?
Que porta se abre quando isso acontece?
Na torre de marfim ficam eles discutindo
Assuntos segundos e o mundo caindo
À sua volta, sem que acordem pro fato
Que, mais que potência, importa o ato
E assim segue a vida a passos rasos e lentos
E mesmo os que vivem a verdade do mundo
Acreditam na estória de que não há desalentos
Maiores que aqueles defendidos por quantos
Em nome de poucos, com planos segundos
Que deixam à margem problemas de tantos
Sinto por você, muitos outros e por mim
Reféns da retórica, falácia torta e sem fim
Que pra convencer, à revelia da verdade,
Inventa, distorce, esconde por pura vaidade
E não mede esforços no caminho escolhido
Que torna seu dono tolo um ídolo aplaudido
(em homenagem a Arlon Fernando da Silva, doutorando da UnB, morto aos 29 anos, a facadas em um assalto, em 07/12/2017)
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